sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Última noite em Grenoble


É a minha última noite em grenoble, e me encontro aqui... Deitada na cama, com meu edredon e com esse moreno quentinho... Sim! Meu notebook, caro leitor!!!

Pois é... Serei a última a deixar Grenoble. Sabe aquele corredor aqui do segundo andar da résidence Hector Berlioz? Que na semana passada estava lotado de brasileiros??? Pois é... agora só tem uma... eu!

E é no mínimo doloroso ver todos os seus amigos partindo. Não que eu esteja triste com isso, pelo contrário! Todo mundo batalhou muito para estar aqui: na França! Agora iremos para segunda etapa do percurso: a parte mais longa e mais trabalhosa, eu creio! Cada um estará em cidade diferente, e depois de quatro anos de convivência, a gente vai se separar.

Vivemos muitas coisas nesses anos... Passamos muito sufoco juntos, rimos muito! Foram horas e horas de estudos, conversas, zuera! É por isso que sinto esse aperto no coração... Durante esse tempo, nós estivemos tão próximos... E agora, a gente vai se separar! Mas como me disse uma amiga: ‘distância é uma palavra que não existe!’

Quero que saibam que sempre guardarei vocês comigo! E boa sorte para a gente nesse ano! ^^



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Conversa de botas batidas


Depois de vários posts sobre a França, chega a hora de mudar de assunto! É por isso que o blog hoje vai falar de outra coisa: amor, caros leitores! Ownnnnn


Na verdade não é sobre o amor propriamente dito e sim sobre uma música que fala de amor. Trata-se de uma canção dos Los Hermanos, ‘Conversa de botas batidas’. E não se sinta mal se você nunca a ouviu, ela não é muito conhecida!

Devo confessar que na primeira vez que eu ouvi essa música não entendi bem a letra. Algumas passagens me pareceram realmente confusas naquele momento: ‘Deixa o moço bater que eu cansei da nossa fuga, já não vejo motivos pra um amor de tantas rugas, não ter o seu lugar’.

Isso eu só fui entender quando eu soube da história que inspirou Marcelo Camelo a compor essa canção. O fato é que em 2002, um prédio de um hotel desabou no centro do Rio de Janeiro. O porteiro ouviu uns estalos e saiu batendo de porta em porta, avisando as pessoas do risco de desabamento. No início, acreditou-se que esse acidente não deixou vítimas mas após certo tempo foram  encontrados os corpos de um casal de idosos entre os escombros.

Descobriu-se que esse casal se encontrava frequentemente no hotel e eram casados, mas não um com o outro: eles mantinham um relacionamento extraconjugal há vários anos. Marcelo Camelo se inspirou nessa história e escreveu a música ‘Conversa de botas batidas’ simulando um diálogo com as últimas palavras do casal.

Se eles viveram um romance e desistiram de se esconder para morrer um ao lado do outro, se eles quiseram se esconder, se eles estavam simplesmente dormindo, ninguém sabe! Para mim, o único fato incontestável é que Marcelo Camelo se superou nessa letra! 


Conversa de Botas Batidas 


Veja você, onde é que o barco foi desaguar
A gente só queria um amor
Deus parece às vezes se esquecer
Ai, não fala isso, por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho, prepara uma avenida
Que a gente vai passar

Veja você, quando é que tudo foi desabar
A gente corre pra se esconder
E se amar, se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar
Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem

Deixa o moço bater
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Diz, quem é maior que o amor?
Me abraça forte agora, que é chegada a nossa hora
Vem, vamos além
Vão dizer, que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela vai cair




terça-feira, 28 de agosto de 2012

Mal-educada


No Brasil, eu sempre me achei tão educada. Sabe, a ponto de causar admiração nos meus professores do prezinho a faculdade.

Mas aqui na França, eu me sinto muito chucra, a mais grossa das criaturas! Sei lá, me esforço mas simplesmente não consigo ser ‘polida’! Não sei se é porque eu tenho que pensar muito para falar. Eu fico arquitetando o que eu tenho que dizer, tentando formular as frases em francês na minha mente e me esqueço do começo... Eu acabo me esquecendo do fundamental, do ‘Pardon monsieur! Excuse-moi! Je voudrais savoir blá blá blá...’ Ahhhhh é muita coisa!!! No Brasil é mais descomplicado! É só pedir uma licença, perguntar o que você quer saber e dizer um muito obrigada e pronto!

Eu simplesmente não consigo fazer direito o ritual que é pedir informação na rua...

E na despedida é a mesma coisa! Para você ter uma idéia, quando eu fui comprar umas passagens com uma amiga, a moça do guichê disse: ‘Merci! Bonne journée! Bon Voyage! Au revoir!’ Quatro! Quatro! Ela disse quatro coisas para se despedir... É muito para a minha cabeça! Estou me esforçando mas olha... Tá difícil...


domingo, 26 de agosto de 2012

Curso de francês - Galerinha


O curso de francês em Grenoble acabou. Muita coisa aconteceu, conheci vários lugares, pessoas e nada do que eu escrever aqui é capaz de descrever com exatidão o que eu sinto agora.

Durante esse mês, essas pessoas que eu acabei de conhecer, fizeram parte da minha vida. A gente se via todo dia, a gente ia a festas juntos. Alguns vão pensar: ‘nossa! Mas um mês é muito pouco para construir uma amizade!’ Bem, isso eu não sei, pode até ser. Não consigo entender muito bem essas questões. Mas de uma coisa eu tenho certeza: essa galera que eu conheci aqui em Grenoble me fará muita falta! Agradeço a Deus por ter tido a oportunidade de conviver com eles por esse tempo.

Agora é aproveitar Grenoble mais um pouquinho porque daqui a pouco vem LA ROCHELLE! #BoaTchamps



quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Diferenças Brasil/França


Eu sei que vocês, meus caros(as) leitores(as), estão curiosíssimos para conhecer as diferenças entre o Brasil e França. Eu, como amo agradar vocês, resolvi escrever um post sobre o que eu observei até agora. Para tanto, contei com o apoio de mais três brasileiros que criaram uma apresentação para o nosso curso de francês. Eles falaram sobre o mesmo tema e eu resolvi roubar algumas coisas do trabalho deles! #MeninaMá

Para começar chocando! ahauhauahaaha  



Beber água no banheiro: Não... isso não é uma piada. Digo isso porque eu pensei que fosse quando me contaram. A gente procurava água até que alguém me falou: ’Nossa! Que estranho!!! Perguntei para uma senhora onde tem água e ela me mandou aqui no banheiro. Mas acho que é aqui mesmo. A água é tratada!’ Na hora eu pensei: ‘Beleza tchamps! Bebe aí! Vou procurar o bebedouro... ‘ Procura, procura e cadê?  O tiozinho estava certo... Não tenho outra escolha! Estou aqui mesmo e não vou passar sede, né? Quando a coisa aperta eu vou ao banheiro! É... c’est la vie! E o estranho é que muitos franceses não gostam disso, mas beleza...




Ainda no assunto banheiro, por aqui tem outra bizarrice: banheiros unissex! Sim, você, querida leitora, pode dar de cara com um homem enquanto retoca a sua maquiagem...




Comida: Não, o francês não gosta de repetir um prato. Comer todo dia arroz e feijão como acontece no Brasil é algo inconcebível por aqui... E eu tenho a impressão de que os franceses comem com os olhos também. Eles gostam muito de enfeitar o prato, coisas desse tipo...




Horário das festas: Aqui, geralmente as festas vão das 19 h até à 1 h da manhã. Enquanto que no Brasil, pelo menos as de Ilha Solteira, começavam às 23 h e iam até às 5 h... Isso mesmo francesada... A gente não dorme! 


Hábito de ler: Aqui na França tem uma livraria em cada esquina! Tudo bem, exagerei... Mas é fato, aqui o povo gosta mais e lê muito mais do que no Brasil.



Transporte: como já comentei aqui no blog, transporte não é um problema na França. Bem diferente do Brasil... Em São Paulo, quando tem congestionamento, a ida para o trabalho pode demorar duas horas e meia! TGV em Sampa...  Vishi! Surreal!!! Esquece! :/  







terça-feira, 21 de agosto de 2012

Lac Laffrey


Aqui perto de Grenoble tem um lago maravilhoso, água limpinha, cercado de montanhas. E o mais legal é que a francesada gosta muito de ir com a família, fazer piquinique e coisa tal...

Não é nada complicado chegar lá. Tem vários horários de ônibus, todos disponíveis na internet. Alguns são diretos, outros tem conexão, depende do horário escolhido. E a melhor parte: a passagem do ônibus custa 6,50 


Coloquei algumas fotos para vocês! :)








sábado, 11 de agosto de 2012

Serviço de utilidade pública I


Tram, train, trammmma... ahhhhhhhhhhhhhhhhh!

Se você pretende fazer um curso de francês em Grenoble, você deve saber algumas coisas. Aqui é muito fácil se locomover, isso graças ao que eles chamam de 'tramway', ou simplesmente ‘tram’. Esse negócio não existe em nenhuma cidade do Brasil (que eu saiba, fique bem claro!), é semelhante a um ‘trem’ e facilita muito a nossa vida.

E a melhor parte é que você pode usar isso ilimitadamente. Basta que você faça ‘a carte’, um espécie de cartão eletrônico (tipo cartão de banco, com chip) que você consegue na ‘Maison du Tourisme’ pagando uma taxa de 30 euros e apresentando alguns documentos.

Voilà, la carte! (Não mostrei minha foto por motivos óbvios!)

Obter ‘a carte’ não é nada burocrático. Eu, por exemplo, tive que levar somente o meu passaporte, o comprovante de residência em Grenoble (o contrato do alojamento daqui) e o meu VTM... Simples assim!

Bom... Para falar a verdade nem tão simples assim. Isso porque na França também existe o ‘train’(trem). Você, leitor sagaz, deve ter percebido que as palavras ‘tram’ e ‘train’ são bem parecidas. É... Se a escrita já é parecida, imagina a pronúncia! Bom, estou aqui faz duas semanas até hoje tento descobrir a diferença, mas beleza! A atendente não entendeu quando eu falei que queria fazer a carta do ‘tram’, daí eu mandei um ‘pour aller à Grenoble’ e foi suficiente... hauahauahaa

Agora me sinto livre! Tenho o poder em minhas mãos! Vou a qualquer lugar da bela Grenoble na hora em que eu quiser... ;) ahhhh #BoaTchamps #TodosComemora


Obs.: A 'carte' tem validade. A minha dura um mês mas você fazer para até um ano. Obviamente, paga-se um pouco mais caro por isso...  



sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Grenoble


No domingo a noite,quando cheguei na França, ‘a minha ficha ainda não tinha caído’. Eu ainda tinha a sensação de estar no Brasil, como se tivesse feito uma viagem para São Paulo, Minas Gerais ou coisa assim...

Digo isso porque até aquele momento não tivemos muito contato com os franceses e com o francês. Foram algumas conversas no avião (aquele mico galático do outro post), umas palavrinhas para comprar comida, enfim... Só!

O dia em que eu me senti realmente na França foi na quarta-feira. Isso porque eu fui ao centro de Grenoble, cidade em que estou fazendo um curso de francês. Lá é tudo diferente, as ruas, os restaurantes, você escuta todo mundo falando em francês... Lógico, né? Estou na França! E foi exatamente isso que veio a minha cabeça: ‘MEW! EU TÔ NA FRANÇA!!!’

Nesse dia sim! Percebi que tinha conseguido! Eu finalmente cheguei, estou na França!!! Ahhhhhhhh tchamps! ;)

Seguem algumas fotos da bela cidade de Grenoble!



sábado, 4 de agosto de 2012

Vou sentir saudades...


E na França, quando eu estiver sozinha, eu me lembrarei dessas coisas...

Dos churrascos aos domingos com o meu pai. Vou sentir saudades dos nossos almoços e da voz dele me chamando três vezes por minuto.

Vou sentir saudades da Crystal gelada que a gente tomava ao som do ‘Brasil e Cia’, programa de rádio do Cardosinho. Um amigo do meu pai que a gente importunava umas mil vezes para ouvir as nossas músicas favoritas. E a gente sempre pedia umas três por telefonema. Era uma do Milton Carlos para a minha mãe, eu queria alguma que ele nunca tinha e por isso nunca tocava e o meu pai sempre pedia ‘Fotografia 3x4’ do Belchior.

Ficarão na memória esses momentos. Quando meu pai me chamava e dizia: ‘Filha, presta atenção nessa letra!’ E ele começava a cantar os trechos da música com toda aquela emoção que só ele tem quando canta:



Em cada esquina que eu passava
um guarda me parava, pedia os meus documentos e depois
sorria, examinando o três-por-quatro da fotografia
e estranhando o nome do lugar de onde eu vinha.
Pois o que pesa no norte, pela lei da gravidade,
disso Newton já sabia! Cai no sul grande cidade
São Paulo violento, Corre o rio que me engana...

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Conversa com minha mãe antes de ir pra França...


—Filha, você me promete que se acontecer qualquer coisa, você vai me ligar?

—É claro, mãe! Vou falar com você todo dia!

—Aconteça o que acontecer você nunca estará sozinha, mesmo que esteja no fim do mundo, eu irei atrás de você!

—Eu sei, mãe! E vocês sempre estarão comigo, aonde quer que eu vá!

—Olha, você viu que eu coloquei os remédios na sua bolsa? Sabe como tem que usar, né?

—Omeprazol para dor no estômago, diclofenaco para dor no corpo, dorflex para dor de cabeça e cólica! Dexácumigo!

—Filha, mamãe ama tanto você! Se cuida lá na França, não fica andando com qualquer um. NÃO CONFIE EM NINGUÉM! Promete para mim que não vai confiar em ninguém? Você não conhece as pessoas, às vezes alguém que parece uma boa pessoa pode ser um canalha se fazendo de bonzinho para te aplicar algum golpe!

—eu sei mãe, sei de tudo isso...

—FILHA! (me abraça e começa a chorar) A mamãe te ama tanto!!! Não suportaria a idéia de te ver sofrendo...

Nota: Caros leitores, o diálogo acima aconteceu! Sei que é muito pessoal, mas achei muito bom ouvir essas palavras... É uma prova de amor da pessoa que mais te ama no mundo: sua mãe! #Fato


Francesa


O primeiro mico a gente nunca esquece...

Caros(as) leitores(as) (mãe, pai, Karina e Ellis), sei que a sequencia correta é a continuação da saga ‘documentação’... No entanto, as coisas foram acontecendo rápido demais e como eu fiquei devendo esse post para uma francesa muito simpática, resolvi mudar a ordem dos acontecimentos! Espero que não se incomodem!

Vamos lá então...

Eis que estou no avião, pronta para a viagem, quando de repente senta uma senhora ao meu lado. Quando percebi que ela era francesa, tratei de puxar assunto com ela para treinar o meu francês.

Daí, nós conversamos sobre muitas coisas. De Paris, da França, das nossas ocupações, de viagens, de estudo, de mapas e falamos da língua francesa. Nesse momento, eu comentei com ela que conheci por internet uma pessoa que me ajudava com o francês. Então a francesa me perguntou: ‘Onde ela mora?’ aí começou o problema...

Eu queria dizer: ‘Compiègne’, mas sem querer, acabei dizendo uma coisa como ‘Kopenhagen’. Acho que eu nem preciso dizer que a francesa quase morreu de rir da minha cara...

Mas como tudo tem o lado bom, ela me ensinou a pronúncia correta!